A primeira iniciativa pública do Laboratório de Inovação Social do Alentejo (LISA) – a conferência “Inovação Social: Um Desafio Emergente” – aconteceu esta terça e quarta-feira, dias 30 e 31 de Janeiro, com a participação dos actores principais da inovação social, em Portugal, e a partilha de experiências de dimensão local, nacional e internacional.
O evento ficou marcado pela assinatura do protocolo de adesão de uma nova instituição parceira do LISA, a Câmara Municipal de Odemira, que se associou às entidades fundadoras: o Politécnico de Portalegre, o Instituto Padre António Vieira (IPAV), a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA).
A adesão da CM Odemira pressupõe para os demais parceiros a possibilidade de serem observadores activos das abordagens aos desafios sociais deste território com características singulares, onde 39% da população são migrantes, de 80 nacionalidades (números mencionados por Hélder Guerreiro, presidente da autarquia).
O que é a inovação social?
«Este laboratório não é apenas um centro físico [localizado no edifício da C.BIP]. (…) Pretende, isso sim e antes de tudo, ser um catalisador de ideias e desenvolvimento do conhecimento. Um viveiro de inovação, que visa criar um impacto positivo na vida da nossa região, das comunidades e, acima de tudo, das pessoas. O LISA ambiciona ser um farol de esperança. Um espaço onde mentes criativas se reúnem para partilhar e desenvolver conhecimento que permite um desenhar e experimentar possíveis soluções para desafios sociais que afetam a região Alentejo». Foi desta forma que Fernando Rebola, vice-presidente do Politécnico de Portalegre, começou por apresentar os desígnios do Laboratório de Inovação Social do Alentejo.
«Ao abordar problemas sociais actuais não podemos ignorar a complexidade que os caracteriza. Desde questões económicas até aos desafios ambientais, passando pela demografia, pela inclusão social, pela educação, pela saúde e pela justiça. A teia de problemáticas é muito vasta e é muito intrincada. Compreender essa complexidade é pois crucial, porque não há soluções simples, para problemas complexos (…). Diante desta complexidade emerge a necessidade de permanente inovação (…) a inovação social não é sobre tecnologia avançada é, isso sim, e sobre tudo, sobre novas abordagens, sobre parcerias imaginativas, sobre coragem de repensar os modelos estabelecidos. O LISA deve constituir-se assim como um terreno fértil para cultivar ideias disruptivas que transcendam as barreiras convencionais. E para isso a verdadeira força vem da cooperação institucional», constatou Fernando Rebola.
Estas declarações foram enaltecidas por Filipe Almeida, presidente da Estrutura de Missão Portugal Inovação Social 2030: «é a primeira IES, em Portugal, onde eu vejo um alto dirigente a fazer um discurso consistente sobre inovação social, integrando como estratégia e anunciando como prática. E, desta forma, o Politécnico de Portalegre é indiscutivelmente pioneiro e só tenho a agradecer como cidadão e como gestor da política pública para a inovação social. Parabéns ao Politécnico de Portalegre!».
Convidado a responder à pergunta “O que é a inovação social?”, o responsável explicou que consiste sempre num resultado, que decorre do desenvolvimento e da implementação de novos produtos, serviços, metodologias ou práticas com impacto social positivo, que promovem a autonomia, daqueles que são mais vulneráveis, e a participação; combatem desigualdades e fortalecem relações sociais, criando novas colaborações que beneficiam a sociedade e a sua capacidade de acção.
Ao concluir a sua intervenção, Filipe Almeida anunciou a abertura do primeiro concurso relativo aos centros de empreendedorismo de impacto, que decorre até 24 de Abril.
A primeira conferência do LISA contou com intervenções de académicos, profissionais de organizações do sector da economia social, de estabelecimentos de ensino e de autarquias, tendo sido abordadas as temáticas do envelhecimento da população, da integração de imigrantes e refugiados, da promoção do sucesso escolar e da inclusão na sociedade de pessoas com múltiplos desafios.
No primeiro dia os trabalhos decorreram na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, do IPPortalegre, e no dia seguinte, realizaram-se workshops em vários espaços de Portalegre (Cooperativa Operária Portalegrense, C.BIP, CERCI-Portalegre e EB 2, 3 José Régio), de acordo com o tema da experiência de terreno abordado.
Na sessão de abertura, a par do vice-presidente do Politécnico, intervieram Fermelinda Carvalho (presidente da CM Portalegre), Hélder Guerreiro (presidente da CM Odemira), Hugo Hilário (presidente da CIMAA) e Aníbal Reis Costa (vice-presidente da CCDR Alentejo).
Na sessão de encerramento da conferência, o presidente do Politécnico de Portalegre contextualizou a génese do Laboratório de Inovação Social do Alentejo. Referiu tratar-se da resposta a um repto lançado pelo presidente do IPAV, Rui Marques, que o dirigente da instituição de ensino superior aceitou e apresentou aos parceiros fundadores, os quais prontamente embarcaram no projeto.
Luís Loures reiterou o compromisso: «podem contar com a equipa do Politécnico, para tentar fazer diferente e fazer melhor, para colaborar de forma activa, para criar pontes e para sermos um parceiro relevante naqueles que devem ser os aspectos de inovação social do Alentejo».
Também o presidente do Instituto Padre António Vieira assumiu «o forte compromisso» com esta parceria com o Alentejo e manifestou o seu agrado face aos contributos partilhados na conferência.
Em representação da CCDRA, numa mensagem gravada, Tiago Teotónio Pereira, gestor do programa operacional Alentejo 2030, desejou que a totalidade do território do Alentejo possa estar abrangido por centros para o impacto e incubadoras de inovação social.
A anteceder o encerramento dos trabalhos do primeiro dia, houve uma actuação do grupo de dança da CERCI-Portalegre.