Estudo conclui que 19% das Organizações da Economia Social podem encerrar nos próximos dois meses

falta de equipamento de protecção, são os principais desafios apontados pelas Organizações da Economia Social (OES) neste contexto de pandemia, que pode levar ao encerramento de 19% destas instituições nos próximos dois meses.

As conclusões são do estudo “Economia Social no contexto Covid-19”, desenvolvido por uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico de Setúbal e do Politécnico de Portalegre, que analisou a realidade actual das OES com o objectivo de contribuir para as políticas públicas e a gestão destas organizações.

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As OES desempenham um papel essencial na sociedade, ao garantir o apoio aos mais vulneráveis no plano da saúde, social e económico. No topo das suas necessidades encontra-se o apoio no processo de reavaliação das estratégias de angariação de fundos, necessariamente ligado à necessidade de apoio financeiro para estas organizações.

Quanto à sua caracterização, a maioria das OES que participaram neste estudo tem mais de 20 anos de experiência e opera com o estatuto de IPSS no apoio à pessoa idosa, educação, artes e cultura, juventude, serviços sociais, desporto e saúde. Na sua maioria, concentram-se em Lisboa, Porto e Setúbal, com cerca de 7,5% das OES a depender do trabalho voluntário e 57% a não ter mais de 20 trabalhadores remunerados.

Os resultados revelam que 24% das OES terá dificuldades em pagar por completo as remunerações nos próximos dois meses, principalmente, entre as que operam nas áreas das artes e cultura. A grande maioria (82%) das OES afirma ter registado uma diminuição de receitas nos últimos tempos, com 40% das inquiridas a não ter sentido qualquer variação nos custos.

O relatório indica que, nos últimos meses, 71% das OES manteve operações que exigiram contacto presencial com o utente, sendo que 118 destas conseguiram conjugar o apoio presencial e à distância. Neste período, 11% das OES não conseguiu continuar a sua atividade e 17% das instituições inquiridas afirmam ter aumentado a sua atividade durante a pandemia, essencialmente, nas áreas de serviços sociais e apoio à pessoa idosa.

No que se refere aos mecanismos de apoio extraordinário disponibilizados, uma percentagem pouco significativa (29%) afirma que recorreu ou vai recorrer a estes, sendo que a grande maioria refere-se ao regime de lay-off. Das 164 OES que recorreram ou vão recorrer a apoios extraordinários, a maioria (71%) tem estatuto de IPSS e presta apoio a pessoas idosas ou trabalha no setor da edução.

O estudo adianta ainda que 23% das OES registaram dificuldades de comunicação com entidades públicas, nomeadamente, a Segurança Social e as Câmaras Municipais.

O estudo “Economia Social no contexto Covid-19” envolveu um universo de 557 OES, de todos os distritos de Portugal (incluindo regiões autónomas), através de um inquérito online realizado entre 27 de Maio e 8 de Julho de 2020 que permitiu conhecer a realidade destas organizações.

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