Após dois anos e meio encerrada para beneficiar de uma enorme intervenção a nível da conservação do seu extraordinário património artístico, num investimento que ascendeu aos 3,5 milhões de euros, reabriu esta quinta-feira, dia 16, a Sé Catedral de Portalegre.
Este foi, sem dúvida, um momento de «grande júbilo» para todos os fiéis diocesanos, bem como para os paroquianos da Sé, mas também para todos os portalegrenses e para todos os apreciadores e amantes do património e da cultura, que há muito ansiavam pelas obras de requalificação, beneficiação, conservação e restauro deste património religioso único, que se assume como uma das mais importantes catedrais nacionais.
A sessão solene de reabertura da Sé contou com a presença de várias entidades civis, militares e religiosas, das quais se destaca a secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, a presidente da Câmara de Portalegre, Fermelinda Carvalho, o director da Direcção Geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos, o Bispo emérito da Diocese de Portalegre – Castelo Branco, D. Augusto César, o Bispo da Diocese de Portalegre – Castelo Branco D. Antonino Dias, o director do Serviço Cultural da Direcção Regional da Cultura do Alentejo, Eduardo Eugénio, o arquitecto João Ochôa Pires, e do Vogal do Programa Operacional Regional do Alentejo, Tiago Teotónio Pereira.
As capelas intervencionadas são 12 na Sé e mais uma nos claustros; as pinturas restauradas são cerca de 110, houve intervenção nos azulejos da sacristia principal e nos metais preciosos – turíbulos, cruzes processionais, cálices, resplendores e outros, mais as esculturas num total de cerca de 740 peças.
Para além de tudo isto há que acrescentar as dificuldades inerentes ao restauro dos retábulos, inspiradas em passagens bíblicas, como forma de catequese dos fiéis.
Por aqui já se percebe um pouco da dimensão do trabalho gigantesco neste templo que não tinha uma intervenção profunda desde o final do século XVIII. É de salientar que no trabalho de conservação e restauro, in situ e em ateliê chegaram a trabalhar cerca de 50 técnicos.
Saliente-se que nas capelas, todas elas intervencionadas surgiram, através de janelas de sondagem, pinturas murais de finais do séc. XVI, e dos séc.s XVII e XVIII, ou seja, foi possível por parcialmente visível o que era invisível.
No que se refere às torres foram arranjados os sinos, a cobertura dos coruchéus foi feita em azulejo branco, antes de cor azul, mas desaparecidos, procedeu-se à recolocação dos cataventos, que foram substituídos.
A nível dos claustros houve a intervenção de restauro na capela de S. Tiago, nas salas do Cabido e ainda no antigo escritório da Paróquia, na “Porta do Sol”, e todo o sistema eléctrico, de som e de iluminação são novos.
Após a inauguração oficial, e cá com o templo aberto a toda a população, foi celebrada Eucaristia pelo Bispo diocesano e efectuada a cerimónia de dedicação do altar.
A Sé Catedral de Portalegre assume-se como uma das mais importantes catedrais nacionais e esteve encerrada ao culto e à visitação durante cerca de dois anos e meio para beneficiar de um programa integral de intervenção no seu edificado e no património móvel e integrado do seu interior. O seu conjunto retabular, que se preserva na sua integralidade in situ, e que foi alvo dos trabalhos de conservação e restauro constitui, do ponto de vista do património religioso, é caso único em Portugal e mesmo na Península Ibérica.
As obras de requalificação foram financiadas pelo FEDER, em cerca de 2,8 milhões de euros, e pela Diocese Portalegre-Castelo Branco e contaram com o apoio técnico da Direcção-Geral do Património Cultural e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo.
Exposição sobre a obra
No dia 22, pelas 17h, será inaugurada no museu Municipal uma exposição de cerca de 60 fotografias que retratam a obra, sob diversos olhares e a partir de diferentes ângulos, permitindo a todos ver um pouco do que se passou dentro de paredes durante este dois anos e meio desta intervenção profunda.
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