Campo Maior: Barragem do Abrilongo finalmente rega 1.600 hectares

24 anos depois da sua construção, a Barragem do Abrilongo, abastecida em grande parte pelo rio Xévora vai passar a regar 1.600ha através de 40kms de condutas num investimento de 17,7 milhões de euros e um prazo de execução de 12 meses, e que ascende a mais de 25 milhões de euros com a construção da Estação Elevatória.

O ministro da Agricultura marcou presença na assinatura do contrato de adjudicação da obra do regadio e o presidente da Câmara congratula-se com o «maior investimento de sempre» no concelho de Campo Maior que é o maior beneficiário de regadio no Alto Alentejo, o que muito contribui para a sua dinâmica económica.

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Apesar da permanente oposição de «radicais verdes» à construção de barragens e de regadios, sem os quais não se trava a desertificação, o despovoamento nem se cria riqueza e se faz efectiva defesa ambiental, o perímetro de rega do Xévora está «finalmente» a arrancar com 24 anos de atraso por oposições pseudo-ambientalistas.

Na manhã de terça-feira o projecto foi apresentado pelo director-geral da Agricultura, Rogério Ferreira, no paredão da Barragem do Abrilongo na presença de responsáveis do Ministério, do ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, do presidente da Câmara, Luís Rosinha, e de outros autarcas, do presidente da Câmara de Arronches, João Crespo, do deputado Ricardo Pinheiro e de agricultores.

Seguiu-se a assinatura do contrato de adjudicação da obra com a empresa construtora no auditório do Centro Interpretativo da Fortaleza.

O presidente da Associação de Regantes e de Beneficiários, Luís Minas, convidado a intervir declarou que «finalmente» este projecto há tanto aguardado avança, o que felicita e agradece, alertando no entanto que a associação deve ser «parceira» e não convidada», como aconteceu «à última hora», o que impossibilitou de preparar o que desejaria. O mesmo responsável lembrou que foi a associação que «em 2015 pagou o estudo de impacto ambiental» e se assim fosse «não estaríamos aqui».

Luís Minas deixou ainda um alerta sobre o mau estado da estrada de acesso ao paredão, questionando qual a entidade responsável (ao que o ministro depois respondeu), sendo que a associação tem feito a manutenção do paredão.

O presidente da associação salientou que com a execução do perímetro de rega será gasta apenas cerca de metade da água, o que implica a poupança de outra tanta, e pediu ao ministro para que possa agilizar a construção de pequenas barragens e charcas para regadio, pois aí reside a subsistência e o futuro da agricultura.

Maior investimento de sempre no concelho

O presidente da Câmara, Luís Rosinha, assume que esta é uma obra «há muito desejada e ansiada» e que após «muitos avanços e recuos» está a ser assinada no mesmo local onde os projectos foram apresentados em Janeiro, e que «em conjunto com a rede de rega do Caia potencia investimentos futuros» na agricultura neste que é o concelho do Alto Alentejo com maior área de regadio.

Luís Rosinha salientou ainda a capacidade de «resiliência» por mais de 20 anos para ver nascer esta obra prioritária, congratulando-se ainda com a construção seguinte da Estação Elevatória e com o facto de «em boa hora o Ministério ver este como um projecto estruturante para o concelho de Campo Maior», terminando a manifestar, tanto para o Ministério como para Associação de Regantes, a inteira disponibilidade colaborante do Município como parceiro.

Apoios e mais apoios à agricultura e crítica aos «radicias verdes»

Depois a vincar a resiliência dos agricultores perante este projecto que nunca mais passava à realidade, o ministro José Manuel Fernandes afirmou-se apostado em «aumentar o rendimento médio dos agricultores por hectare», que actualmente é de 80 euros e que pretende que passe para 120 euros.

O governante apontou que a média etária dos agricultores em Portugal é a mais alta da União Europeia, de 64 anos, e avança com medidas de apoio para uma nova geração de agricultores que serão apoiados com 50 mil euros para se dedicarem em exclusividade à actividade agrícola.

O ministro adiantou ainda que será facilitada a construção de charcas, avançará com a protecção a algumas culturas e quer «acabar com a burocracia», pois «há muita gente a ser paga para criar burocracias».

José Manuel Fernandes adianta que o primeiro-Ministrro entende a agricultura como «estratégica e estruturante» para o País e «a água é prioritária para a agricultura», pelo que não se pode entender «os radicais verdes» que são «contra as barragens», o que só beneficia a desertificação e o despovoamento, quando «esta obra ajuda o ambiente».

Não se pode, por isso, esperar quatro ou cinco anos por um Estude de Impacto Ambiental, o que só prejudica o ambiente, como o deste caso que aponta «sete condicionantes» e «115 medidas compensatórias», o que «me parece medidas a mais», isto quando para implementar este projecto até tiveram de ser comprados terrenos a Espanha.

O ministro lembrou que «a agricultura é mais que PIB», pois «é gastronomia, é indústria, é cultura, é coesão e é património», e para apoiar a agricultura José Manuel Fernandes promete «menos burocracias, o que por vezes é tão fácil», lembrando que numa portaria eliminou penalizações aos agricultores e promoveu pagamentos simplificados e pagamentos contra factura, para além de que é imperioso acelerar o PEPAC e outras medidas por forma a cumprir as metas e não perder dinheiro, salientando ainda que actualmente há candidaturas que em média demoram quatro minutos a fazer.

O governante deixou ainda o recado de que «o Fundo Ambiental tem de fazer a sua parte», pois não pode ser sempre a agricultura a suportar custos que são ambientais, terminando a declarar que «não precisamos de discriminação positiva, precisamos é de ser tratados com justiça», pois os Fundos Comunitários são para as regiões carenciadas e para diminuir as assimetrias regionais, mas depois vamos ver e os Fundos «vão para as zonas mais desenvolvidas», e tudo será feito para que Portugal seja um País mais competitivo e mais coeso»

O ministro da Agricultura declarou ainda que a estrada de acesso ao paredão da barragem será entregue devidamente arranjada

Algumas características do Aproveitamento Hidroagrícola do Abrilongo

– Origem da água – Barragem do Abrilongo (capacidade total de 19,9hm3), construída desde 2000

– Área beneficiada inicial  2.160ha; após AIA 1.560ha: excluídos povoamentos de quecíneas (157,19ha e culturas forrageiras de sequeiro (420ha)

– Uma Estação Elevatória (EE!) que se localiza junto à albufeira de Abrilongo , que eleva a água até ao reservatório

– Um reservatório de 11.000m3 (semi escavado) onde se inicia a rede de rega

– Conduta elevatória em betão armado pré-esforçado com alma de aço, que permite a adução em pressão desde a EE1 até ao reservatório localizado no Monte dos Azeiteiros

– Rede de rega numa extensão de 44kms

– 70 hidratantes e 106 bocas de rega

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