Batatas Fritas de Fortios: 25 anos a produzir com qualidade

«O projecto superou as nossas expectativas e permitiu preservar a qualidade das batatas fritas. Sempre fui muito exigente, quer na confecção, quer na higiene, e a verdade é que quem as batatas preservam o mesmo sabor e a mesma qualidade há 25 anos», garante.

Dizem que a acção é a distância entre o sonho e a realidade, e Filomena Gonçalves, a “mãe” das Batatas Fritas de Fortios, é a prova disso mesmo. Acreditou, apostou, lutou e venceu, tem hoje um produto de reconhecida qualidade e notoriedade, que transcende (e muito) os limites geográficos da nossa região. Volvidos 25 anos desde o momento em que decidiu dar asas ao projecto que idealizou, Filomena Gonçalves é o rosto da qualidade artesanal e tradicional, e festeja – com todo o mérito – as bodas de prata das Batatas Fritas de Fortios.

A sua história começou como a de tantos outros. Natural de Fortios, onde nasceu e cresceu, cedo foi trabalhar para os campos. O desejo de uma vida melhor levou-a, como a tantos outros conterrâneos, até Mira de Aire, onde permaneceu durante sete anos. Ali casou, com João Gonçalves, e teve a primeira filha, Susana. Da experiência numa das fábricas de lanifícios regressou à sua terra natal onde, anos mais tarde, «uma brincadeira» juntou na garagem lá de casa um pequeno grupo de pessoas.

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«Não havia as exigências que existem neste momento, mas reuníamos todas as condições. Era tudo completamente artesanal, desde o corte ao embalamento, e foi assim que começou», recorda.

Os anos foram passando, a adesão aumentando e Filomena Gonçalves foi adquirindo novos equipamentos de forma a corresponder à procura. Ao longo da primeira década, o sonho foi-se tornando realidade e, passo a passo, a qualidade das Batatas Fritas de Fortios foi sendo reconhecida um pouco por toda a região. Nesse momento, a empresária sentiu era o momento de virar a página.

«Quando tomei mesmo gosto por aquilo que fazia – e eu gosto mesmo muito daquilo que faço – e senti que conseguia vender tudo o que pusesse no mercado, decidi mudar de instalações. A ideia foi crescendo e nem as adversidades que tive de ultrapassar me demoveram. O sonho ia-se transformando num pesadelo e pensei muitas vezes em desistir. Nesse momento senti o apoio da minha família e acreditei que tinha de lutar», conta Filomena Gonçalves, numa viagem até ao momento em que adquiriu um terreno junto à sua residência e transportou para as novas instalações todo o know-how adquirido ao longo de 15 anos.

Nesse momento de viragem, a maior preocupação da empresária foi dar continuidade a algo que, 25 anos depois, continua sem ser beliscado: a qualidade do seu produto.

«O projecto superou as nossas expectativas e permitiu preservar a qualidade das batatas fritas. Sempre fui muito exigente, quer na confecção, quer na higiene, e a verdade é que quem as batatas preservam o mesmo sabor e a mesma qualidade há 25 anos», garante.

O segredo? «não há segredo». A espessura «é importante», a pureza do óleo – de girassol – e a quantidade de sal são igualmente essenciais, mas «não há receita». «Consigo fazer iguais cá em casa», diz a empresária, acrescentando que nunca quis «inventar». É tudo genuíno, tal como o nome que decidiu dar ao seu produto.

O título original até era “Batata Frita Caseira de Fortios” mas, aquando da mudança de instalações, «a ASAE obrigou-nos a retirar a palavra Caseira». A decisão fez com que milhares de pacotes tivessem de ser rectificados mas, ao olhar para trás, Filomena Gonçalves recorda esse momento com apenas mais um episódio de uma história que teve os seus bons e maus momentos, e que vai continuar «pelo menos mais 25 anos».

«Valeu a pena apostar, e tem valido a pena viver este sonho». Um sonho que partilha com o marido e os dois filhos, Filipe e Susana, os quatro sócios da empresa. «Hoje tenho trabalho, bons clientes, e ao meu lado contou com pessoas em quem posso confiar. Quem tem empresas familiares e assume o papel de patrão não aguenta 25 anos. Temos de delegar e confiar, mas estar presentes, e dar o exemplo da organização e da responsabilidade», realça.

De olhos postos no futuro, Filomena Gonçalves não esconde que ainda sonha com o embalamento automático, mas mantém os pés assentes na terra e continua a viver um dia de cada vez, preservando sempre «a qualidade» das suas Batatas Fritas. Até mesmo na distribuição, assumida pelo marido, existe a preocupação de não deixar demasiado nas prateleiras. A empresária produz o suficiente para dar resposta às necessidades, garantindo assim a frescura das suas batatas, e a satisfação de quem vende e quem compra.

«Hoje, tal como há 25 anos, as pessoas sabem o que estão a comprar, sabem que nos meus pacotes só entram batatas de qualidade», frisa a empresária, que nem quer pensar na reforma, mas que confia na sucessão e na continuidade de um sonho que se transformou numa aventura, uma aventura que leva bem longe o nome de Fortios e a qualidade da gastronomia alentejana.

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