O Presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, disse ter ficado «muito surpreendido» com a decisão do Governo em retirar a verba inscrita no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a construção da Barragem do Pisão.
Em declarações ao nosso jornal, o autarca adiantou que foi contactado pelo secretário de Estado do Planeamento durante o dia de ontem (quinta-feira, dia 30), para lhe comunicar «que a reprogramação do PRR deixava de contemplar o financiamento para o Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato», vulgo Barragem do Pisão.
Para o edil esta decisão «é uma preocupação muito grande», uma vez que «temos um projecto com muita maturidade, pronto a lançar concursos públicos, outros que já lançámos e contratos assinados», o que denota que «há aqui um compromisso muito grande da região toda em torno deste projecto».
Joaquim Diogo lembra ainda que «há muitas pessoas [envolvidas neste projecto] que têm seis anos de trabalho e que se sentem de alguma forma defraudadas com esta solução, apesar de verbalmente nos terem dito que vão encontrar uma solução de financiamento, essa é a nossa esperança».
O autarca não esconde que «gostava que este processo tivesse sido feito, como foi feito sempre, em conjunto com a CIMAA e não ser feito através de uma mera comunicação» a esta entidade.
Apesar da solução encontrada, Joaquim Diogo realça que «continuamos muito comprometidos com o projecto e a trabalhar no dia-a-dia» e diz sentir «uma revolta muito grande na população, principalmente das pessoas que vivem no Pisão, que sentem eternamente adiada a esperança de ter uma vida melhor e de ter uma casa diferente, além de que a restante população «vê [este projecto] como uma tábua de salvação para o Concelho, de um novo impulso financeiro e económico no Concelho», lembrando ainda que «estes altos e baixos que acontecem marcam, de alguma forma, as pessoas».
O autarca mostra-se ainda esperançoso de que «exista neste Governo um compromisso muito forte com este projecto, um compromisso muito forte com os 15 autarcas e com as populações deste distrito», pois o Alto Alentejo «precisa de muito investimento e precisa de mudar a sua capacidade económica, de produzir mais, de ter, pelo menos, a oportunidade de produzir mais, de atrair mais pessoas. E isso tem sido muito assente naquilo que tem sido o investimento das autarquias e não no investimento do Estado, o que, defende, «tem de ser mudado pelos governantes do nosso País». Neste âmbito, Joaquim Diogo considera que «tivemos bons exemplos nos últimos tempos, com alguns investimentos nas infra-estruturas da saúde e da educação. Mas precisamos de muito mais do que isso para conseguir apanhar o comboio que já passou há muitos anos neste território. E eu queria que os Governos da República olhassem para este meu desabafo, para esta minha preocupação, para este meu desencanto, como uma palavra de esperança e de disponibilidade para trabalhar em conjunto para atingir esse objectivo».
«Acho que já demos prova, os 15 autarcas, a muitas pessoas deste País de que não ligamos a partidos, a ideologias, ou a géneros. Unimo-nos todos em torno de um projecto e precisamos de reconhecimento desse trabalho», acrescenta Joaquim Diogo, reafirmando que «o empenho que mantemos é global, é global no cumprimento daquilo que é a lei, no cumprimento das regras ambientais, no cumprimento dos prazos que temos para cumprir, das expectativas que criámos nas pessoas, aos agricultores, às empresas, a uma comunidade e a uma região».