Artesanato: Susana Perpétua faz peças identitárias

«Sou de Gáfete e não o négue» é uma peça decorativa que qualquer natural de Gáfete terá orgulho de exibir em sua casa.

A ceramista Susana Perpétua, 47 anos, que trabalhou 25 anos nos Barros de Flor da Rosa, que fez cursos de moldagem e de decoração cerâmica, foi residir há dois anos para Gáfete e “descobriu” potencialidades incríveis na terra do marido. 

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É «ceramista e não oleira», faz questão de explicar, porque «faço as peças manualmente e à roda», e para além disso ministra formações, dá aulas em universidades seniores e faz workshops, inclusive na sua oficina em Gáfete, na Rua do Crato.

«A minha fonte de inspiração é Gáfete», apesar de ser natural da Comenda e ter residido 25 anos no Crato. «A riqueza que Gáfete tem, fascina», e «é essa inspiração que os objectos transmitem»., por isso a sua primeira grande temática foram as expressões que foi recolhendo, mas vai avançar com uma nova temática, confidencia, que e a “Chacoula”, ou seja uma novena em que se cantam versos ao S. João por ocasião dos santos populares e que antigamente é cantada por vários locais.

Naturalmente que para além das peças de inspiração, temáticas ou não, a Susana Perpétua também executa peças utilitárias e outras, mas sob encomenda, e que vão deste pratos e outros utensílios para restaurantes, passando por prendas/ recordações para casamentos e outros eventos, canecas para provas de vinhos, peças para prémios, etc..

Uma infinidade de peças para várias finalidades saem da oficina e a da inspiração da Susana Perpétua, que assume que esta é uma actividade rentável e por isso mesmo não vai desaparecer, para além de estar ser a sua paixão, pois desde sempre gostou das pinturas e da arte em geral, «mas não sabia o caminho», o que vem a descobrir «quando em 1997 fui morar para o Crato e fiz formação em olaria», trabalho que seguiu.

Quanto à sua fonte de inspiração, o marido é de Gáfete, «morávamos aqui ao lado, mas eu não conhecia», e rende-se «ao povo, à cultura, ao bairrismo», a uma terra «extraordinária», e aqui encontra uma fonte inesgotável de inspiração, isto quando «para além da Cruz de Malta não há nada» que a inspire para traduzir na sua arte, mas «aqui há de tudo e «comecei pelas expressões», mas há o S. Marcos, a Chacoula, a calçada…, e «tudo ajuda nesta profissão. Desde o «nh’lá», passando por «um merguêllhe», «manhouva», «pavã serene», ou expressões como «ó côsa! Ú!» são delícias que a Susana Perpétua traduz em peças de rara beleza repletas de alma.

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