Academia, administração pública, sector privado e sociedade civil discutem transição energética no Fórum Solar Fotovoltaico

No dia 23 de Outubro teve lugar o evento Fórum Solar Fotovoltaico:  promover uma transição energética equilibrada através da colaboração multissectorial, promovido pelo Laboratório Associado CHANGE, coordenado pelo MED da Universidade de Évora, em co-organização com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e a Cátedra Energias Renováveis da Universidade de Évora.

O evento, que decorreu na sede da CCDR Alentejo, em Évora, reuniu 40 convidados de diversos sectores (Academia, Administração Pública, ONGs, Associações e Promotores do Sector Energético) e focou-se na importância do uso de uma abordagem integrada e multissectorial para a implementação de centrais fotovoltaicas, abordando desafios e oportunidades no âmbito ambiental, social e económico. 

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Dos vários momentos do evento (sessão plenária, mesa redonda e workshops participativos), destacaram-se questões essenciais, como a importância da participação e trabalho coordenado de decisores, academia, sector privado e do envolvimento da sociedade civil desde o início dos projectos de instalação de centrais fotovoltaicas. Destacou-se igualmente a importância do acompanhamento e monitorização dos impactos da instalação de sistemas fotovoltaicos centralizados (do ponto de vista da conservação e restauro da natureza e dos recursos naturais, assim como de impactos socioeconómicos) e o fortalecimento do conhecimento nesta área.  Foi também identificada a necessidade de adaptação e criação de instrumentos políticos e mecanismos (comissões de acompanhamento e de avaliação, e outros) adaptados às necessidades da transição energética, de restauro ecológico e conservação da natureza, da gestão integrada do território e da justiça social.

Na abertura do evento, Carmen Carvalheira (Vice-Presidente da CCDR Alentejo, IP),  Pedro Horta (Titular da Cátedra Energias Renováveis da UÉ) e Susana Filipe (Directora  Executiva do Laboratório Associado CHANGE), sublinharam a necessidade de parcerias e de discussão entre múltiplos actores, da academia, ONGs, Associações,  Administração Pública e sector privado, com vista à definição dos aspectos essenciais  para a concretização de uma transição energética equilibrada, que sirva todos, que  responda aos desafios de mitigação dos impactos ambientais, que tenha em  consideração a gestão equilibrada e integrada do território, assim como a preservação  e restauro dos ecossistemas e dos serviços a estes associados, e todos os aspectos  sociais e económicos de relevância. 

Na sua apresentação “A Sustentabilidade da Transição Energética em Portugal”, Júlia Seixas (Professora da NOVA/FCT, Investigadora do CENSE/CHANGE e Pró-reitora para a sustentabilidade da NOVA) contextualizou aquelas que são as necessidades energéticas e as metas estabelecidas no que respeita à transição energética em Portugal até 2030. Na sua intervenção Júlia Seixas, reiterou a importância do aspecto social no desenvolvimento integrado e sustentado necessário à transição energética e a importância de uma gestão co-participada dos processos de desenvolvimento e  implementação de energias renováveis, num contexto actual de alterações climáticas. 

Na sua intervenção focada nos “Desafios e oportunidades da implementação de  centros de produção e de armazenamento de energia localizados em solo rural no  Alentejo”, Sara Rodrigues e Joana Dourado (CCDRA, IP) referiram a necessidade de  reflexão e consciencialização dos factores relevantes a considerar aquando da definição  de critérios em matéria de ordenamento do território para a instalação de centros  electroprodutores fotovoltaicos, tendo inumerado uma série de possíveis critérios  qualitativos e quantitativos, que possam optimizar o uso do território, salvaguardando a  protecção dos recursos naturais e patrimoniais. 

Posteriormente, a discussão na mesa redonda, que contou com a participação de  Cristina Branquinho (cE3c/CHANGE/FCUL), Luís Fialho (Cátedra Energias Renováveis,  UÉ), Jorge Mayer (EDP), Miguel Sequeira (GEOTA), Sara Freitas (APREN) e Fátima  Baptista (MED/CHANGE /UÉ), focou-se essencialmente na necessidade de optimização da tecnologia, do território e das infra-estruturas no sentido de maximizar os efeitos  positivos da instalação de energia solar, explorando, alavancando e desenvolvendo  conceitos como o agrivoltaico e o ecovoltaico, a descentralização da energia e as  comunidades de energia.

No seguimento deste evento, e tendo por base as discussões levadas a cabo, quer nas  sessões plenárias, quer no workshop participativo, que se seguiu, será elaborado um  Policy Brief, com recomendações específicas de instrumentos políticos e governança, que possam servir de base para a implementação integrada de centrais fotovoltaicas  ajustadas ao território, especialmente ao Alentejo, alvo de uma elevada pressão para a  implementação destas centrais, ao mesmo tempo que se assegura o cumprimento das  metas de transição para as energias renováveis estabelecidas para Portugal.

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