A grande obra do Centro Social de Urra: Uma doação que se transforma em investimento e desenvolvimento

Está praticamente concluído e, brevemente, irá estar em funcionamento o mais recente investimento do Centro Social e Paroquial de S. Tiago de Urra.

Resultado de um investimento superior a 11 milhões de euros, a nova Unidade de Cuidados Continuados é uma obra inspiradora e uma das maiores feitas no Alentejo neste sector, afirmando-se como uma “enorme obra”, quer física quer humana, e que irá marcar na história da instituição o ano de 2024 como referência a um novo ciclo, com novos desafios, mas o mesmo espírito empreendedor que caracteriza esta instituição, que muito tem feito em prol do desenvolvimento da freguesia de Urra, mas também do sector social no concelho e na região.

Planeada muito tempo antes, foi em Maio de 2021 que o Centro Social deu início à obra, tendo sido lançada oficialmente a primeira pedra em Novembro do mesmo ano, e, quase três anos depois, está praticamente concluído este grande sonho, que, como nos revela o presidente da instituição, Pe. Marcelino Marques, é também uma forma retribuir a doação do terreno que foi feita à instituição, no qual foi construída a nova UCC.

Assumindo que esta foi «de facto, uma grande aventura em que nos metemos desde a primeira hora», o Pe. Marcelino Marques explica que o terreno, que incluía prédio rústico e urbano, foi doado ao Centro pela família Francisco Leitão e Maria José, e que «olhando a que foi uma doação e a que a família também tinha alguma sensibilidade social, entendemos que tínhamos também esta missão de fazer algo com esta propriedade que servisse a comunidade».

Recuando um pouco na história, o presidente do Centro lembra que «aproveitámos uma altura em que foi feita a revisão do PDM, para nos lançarmos no desafio de pensar numas infraestruturas que viessem alargar as respostas em termos sociais e de saúde que já temos e, consequentemente, alargar a oferta de trabalho, porque é isso que permite fixar pessoas e travar a desertificação», constata.

Assumindo que não é um processo fácil, porque implica fazer projectos, as especialidades,  adaptar o fim do empreendimento a outras possibilidades, uma vez que é preciso ter em conta os apoios disponíveis, pois só com candidaturas a fundos europeus é possível criar investimentos desta envergadura, Marcelino Marques revela que inicialmente esteve previsto ser apenas Estrutura Residencial para Idosos, mas depois «surgiu a possibilidade de ser só Unidade de Cuidados Continuados, mas, no entanto, o financiamento não permitia a criação de novas camas e então uma parte da obra ficou também destinada a ERPI, sendo esta a fase de construção que demorou mais tempo, por ter sido a que foi começada numa segunda fase, uma vez que a instituição teve que promover um novo concurso para esta empreitada, em Janeiro de 2023, para obter financiamento no valor de 850 mil euros do PARES de 3ª Geração da Segurança Social.

«Este empreendimento vem responder à Rede Nacional de Cuidados Continuados, em que neste momento temos 62 camas, 31 em longa e 31 em convalescença. São estas unidades que vão ser transferidas para o novo prédio, e essa foi a razão pela qual fomos comparticipados, pois iremos deslocalizar as unidades existentes, melhorar os espaços para cuidar dos doentes e, em seguida, iremos reconverter o edifício existente no qual estavam estas unidades em Estrutura Residencial para Idosos», esclarece, acrescentando que «deslocalizamos as unidades existentes e ainda ficamos com mais nove camas, num total de 71 camas no novo edifício, e no edifício mais antigo, no qual iremos fazer obras, vamos ficar com mais 62 camas para ERPI, já tínhamos 65, pelo que iremos com capacidade para 120».

Convicto de que este investimento vai ser muito importante para a instituição e para os utentes, o presidente da instituição destaca que «melhoramos toda a vida e condições da instituição e o serviço que prestamos», ao mesmo tempo «mantemos as respostas sociais, mas conseguimos aumentar a capacidade da ERPI no já existente, e ainda aumentar a ERPI nas novas instalações, que fica localizada no primeiro piso de um dos blocos, onde teremos capacidade para mais 21 camas», explica, frisando que «no total ficamos com capacidade na nova infraestrutura para 81 utentes, e em termos de ERPI, teremos uma capacidade para acolher 141 utentes no total dos dois edifícios».

Sem esconder que o período em que foi feita a obra «não foi o melhor», pois o seu princípio coincidiu com o COVID, depois surge a guerra na Europa, o que acabou por dificultar o andamento da obra, e sobretudo veio agravar o preço da empreitada devido ao aumento dos materiais, o que resultou num aumento de 20% do custo em relação ao preço inicial, o que «numa obra com esta envergadura é bastante significativa», Marcelino Marques revela que tudo isso contribui para que o valor total da empreitada acabou ultrapassasse os 11 milhões de euros, o que, embora em boa parte seja financiado, não deixa de representar um investimento também por parte da instituição, pelo que afirma que «só com uma gestão muito rigorosa é possível fazermos aventuras desta dimensão».

Para o Pe. Marcelino Marques, que desde o primeiro momento lidera as obras que foram feitas pelo Centro e sempre acompanhou bem de perto todas as empreitadas e conhece bem o funcionamento “da casa”, a tarefa de gerir uma instituição com esta dimensão, com tantos utentes e funcionários, não parece ser penosa, no entanto, confessa, «é essencial fazermos a gestão dos recursos a todos os níveis, para não haver desperdícios, e conseguirmos continuar a ter a capacidade de investir em novos projectos e de continuar a trabalhar pela sustentabilidade da instituição».

Sobre a importância desta nova obra, instalada num edifício com mais de cinco mil m2 e num terreno com mais de 16ha, o responsável denota que não só terão capacidade para disponibilizar até 30 camas para emergências para a Segurança Social, mas também para resposta às pessoas que necessitam, quer a pessoas que estão sozinhas nas suas casas, quer a pessoas que estão hospitalizadas e que estão a preencher uma cama no Hospital porque não têm vaga nas instituições sociais, sublinhando que «estamos a permitir à Rede alargar o número de cama e de respostas, e estamos ainda a dar resposta a pessoas que procuram trabalho e que queiram trabalhar», pois «com este projecto, que é suficientemente grande para dar resposta a muitas questões e resolver muitos problemas, iremos criar mais 70 postos de trabalho a acrescentar aos 150 já existentes».

E ainda sobre as novas instalações, Marcelino Marques não deixa de destacar toda a zona envolvente do edifício, que descreve como «muito atractiva, um espaço agradável, que permite passeios com contacto com a natureza e onde foi instalado um circuito, com máquinas de exercício, pois «havendo condições, procurámos ir um pouco mais além, inclusive com uma piscina no interior, que permite outro tipo de terapias», e, por isso «estamos orgulhosos e com grandes expectativas para a possibilidade que este investimento nos vai permitir na melhoria dos nossos serviços que prestamos aos nossos utentes», refere, notando que «o nosso desfio diário é manter a qualidade dos serviços e ao mesmo tempo fazer uma gestão equilibrada para pagar as nossas dívidas, porque tivemos que fazer um empréstimo».

Reconhecido pela sua capacidade empreendedora, mas também de gestão, o Pe. Marcelino já tem em mente a colocação «urgente» de painéis fotovoltaicos, ou criação de uma comunidade de energia ou até mesmo começar com autoconsumo», sendo este um exemplo de como é importante pensar na sustentabilidade da instituição, pois como defende, «não basta fazer novos investimentos, é essencial manter o que temos. Ao construirmos temos que satisfazer as nossas obrigações perante o consórcio, mas não podemos descurar a casa que já existe e as nossas obrigações, com os utentes, os colaboradores, os fornecedores, e tudo isto requer um equilíbrio», conclui.

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