Num texto publicado nas redes sociais, o Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, recorda o Papa Francisco como «um homem da alegria e da esperança», sempre «comprometido com o progredir da História e da história dos povos».
Leia na íntegra a reacção do Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, à morte do Papa Francisco:
DESCANSE EM PAZ, PAPA FRANCISCO!
Com dor e esperança, correu célere, na Igreja e no mundo, entre crentes e não crentes, a notícia da morte do Papa Francisco. Sim, o bom Papa Francisco partiu para a casa do Pai. Viveu a tempo o seu próprio tempo, como sucessor de Pedro, a presidir à comunhão universal da Igreja católica, e, como cidadão dum mundo tão conturbado em que lhe tocou viver e agir, agindo sempre dentro do seu campo de ação e influência. Bom e fiel ao Evangelho e à Igreja, não foi menos interessado e comprometido com o progredir da História e da história dos povos. Sem fechar nenhum, sempre foi um homem da alegria e da esperança, a rasgar caminhos novos para um futuro diferente. A todos e para todos, conforme as circunstâncias e os destinatários, tinha uma palavra de estímulo e de afeto, tantas vezes com fortes apelos à mudança de rumo, sobretudo quando falava da conversão, da necessidade da paz, da corrupção, do respeito pela vida, pelos direitos e dignidade das pessoas, pela Criação. Sempre construiu pontes e abriu caminhos de esperança e de renovação, para se ir mais além pelos caminhos da tolerância, da paz, da fraternidade universal, da solidariedade humana, da ecologia integral. Com ternura, era próximo dos jovens, das famílias, das pessoas, dos sofridos. Manifestamente humilde e dialogante, não tinha receio de gerar polémicas, mesmo dentro da Igreja Católica que sempre precisa de purificação. Ele desejava que ela fosse uma espécie de ‘hospital de campanha’. A sua empatia evangélica tinha aquela força capaz de se fazer ouvir e transformar o coração. Uma voz diferente, muita vezes contundente, nem sempre meiga no contexto de um mundo que tende a globalizar a indiferença e a esquecer os pobres, os refugiados, os migrantes, os marginalizados. Com a sua palavra, as suas atitudes e os seus gestos, com os seus documentos e viagens, sempre testemunhava e apelava a um mundo melhor, para todos. Viveu a tempo o seu próprio tempo, mesmo que nem sempre tenha sido ouvido, compreendido e seguido. Por estes dias os sinos tocam em sinal de luto, as comunidades vão promovendo momentos de oração pessoal e comunitária.
Descanse em paz, Papa Francisco. Interceda por ‘todos, todos, todos’ nós junto do Deus da misericórdia que tantas vezes anunciou. Obrigado pelo testemunho e pelo trabalho incansável que, em nome de Cristo, promoveu em favor da Humanidade pela qual Cristo morreu e ressuscitou!
Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 21-04-2025.