Doenças do Movimento: com o objetivo de garantir o acesso de todos aos melhores cuidados

Artigo de Opinião de Prof. Doutor Joaquim Ferreira, Diretor Clínico do CNS – Campus Neurológico e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

No dia 29 de novembro, data de nascimento de Jean-Martin Charcot, célebre neurologista francês, assinala-se o Dia Mundial das Doenças do Movimento. A existência de um dia que alerte e informe sobre as doenças do movimento tem por objetivo explicar o que são estas doenças e, desta forma, facilitar o acesso dos doentes aos profissionais de saúde que melhor os podem ajudar, assim como aos tratamentos mais benéficos.

As doenças do movimento são doenças neurológicas que afetam o movimento normal e incluem múltiplas condições neurológicas. Infelizmente, muitas das doenças do movimento são, não apenas, ainda desconhecidas para a população em geral, mas também subdiagnosticadas pelos médicos e outros profissionais de saúde.

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A doença do movimento mais conhecida é a doença de Parkinson. É caracterizada por tremor e lentificação dos movimentos e, atualmente, já é efetuada uma associação entre o aparecimento de tremor e o risco de ter doença de Parkinson. Contudo, existem outras doenças mais frequentes, mas menos conhecidas, como o tremor essencial (que afeta sobretudo as mãos) e a síndroma das pernas inquietas. Existem ainda muitas outras doenças do movimento menos frequentes, como por exemplo a Doença de Huntington, a Atrofia Multissistémica, a Paralisia Supranuclear Progressiva, as Distonias Musculares (de que são exemplo o Blefaroespasmo e a Distonia Cervical) e os Tiques (nomeadamente a Doença de Gilles de La Tourette).

Embora muitas das doenças do movimento não tenham cura, todas devem ser diagnosticadas corretamente e todas beneficiam de um tratamento adequado. A maior parte dos tratamentos disponíveis são administrados oralmente ou através da pele (adesivos). Contudo, existem terapias mais complexas em que se inclui a administração subcutânea ou intestinal de medicamentos e cirurgias cerebrais (cirurgia de estimulação cerebral profunda e ultrassonografia focalizada). Além disso, múltiplas outras intervenções terapêuticas (por exemplo, fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional, psicologia, nutrição, enfermagem, etc.) desempenham também um papel cada vez mais importante.

Apesar da crescente evidência científica recomendar uma abordagem multidisciplinar para tratar estas doenças, apenas uma minoria dos doentes consegue aceder a esta prestação de cuidados. Desta forma, o acesso limitado a cuidados multidisciplinares é uma das maiores limitações na abordagem terapêutica das doenças do movimento.

As Sociedades Científicas, as Associações de Doentes e os profissionais de saúde podem desempenhar um papel crucial, não só na disseminação de informação sobre o que são doenças do movimento, mas também na sensibilização da comunidade e dos decisores políticos, para a necessidade de garantir o acesso de todos aos melhores cuidados, do diagnóstico ao tratamento.

Mesmo quando não conseguimos curar estas doenças, é sempre possível ajudar, melhorando os sintomas e o bem-estar dos doentes e de quem os rodeia.

No Dia das Doenças do Movimento, todos devemos, em conjunto, contribuir para que os doentes tenham acesso aos melhores cuidados e para que novos tratamentos sejam desenvolvidos e possam melhorar a funcionalidade e qualidade de vida de todos os doentes.

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