Chegados a maio, não poderia deixar de colocar a tónica no “Maio, Mês do Coração”, uma iniciativa há muitos anos promovida pela Fundação Portuguesa de Cardiologia, que tem como objetivo aumentar a consciencialização da população e dos governantes para as doenças cardiovasculares, responsáveis atualmente por cerca de um terço do total de mortes no nosso país. Aliás, de acordo com a Edição 2023 das Estatísticas da Saúde1, em Portugal, em 2020, a principal causa de morte foram as doenças do aparelho circulatório, com 34 593 óbitos, ou seja, 28,0% do total de óbitos, com um acréscimo de 2,8% relativamente ao ano anterior. No grupo das causas motivadas por doenças do aparelho circulatório destacaram-se 11 439 óbitos devido a doenças cerebrovasculares e 6 838 por doença isquémica cardíaca.
Neste contexto, é igualmente fundamental lembrar que outras doenças, como a diabetes, também podem afetar o nosso coração e provocar complicações graves. A diabetes é uma doença crónica que surge quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não consegue utilizar adequadamente a insulina produzida. Isso resulta em níveis elevados de açúcar no sangue, o que pode provocar danos em órgãos e tecidos em todo o corpo, incluindo no coração e nos vasos sanguíneos.
É por isso que as pessoas com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, nomeadamente hipertensão, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. De facto, sabe-se que o risco de desenvolver doença cardiovascular duplica nas pessoas com diabetes comparativamente à população não diabética. E ainda que uma em cada três pessoas que tem doenças cardiovasculares também tem diabetes. Ou seja, a ligação entre estas duas doenças crónicas é íntima, preocupante, mas infelizmente nem sempre valorizada.
Felizmente, muitas das complicações cardiovasculares associadas à diabetes podem ser evitadas através de um controlo adequado da doença e do tratamento precoce. O seu devido controlo envolve manter níveis saudáveis de açúcar no sangue, bem como uma pressão arterial e colesterol adequados, algo que está ao alcance de qualquer um de nós. Com efeito, mudar o estilo de vida, seguir uma alimentação saudável, fazer exercícios regularmente, restringir o consumo de álcool e parar de fumar são todos passos que podem ajudar ao bom controlo da diabetes.
Por outro lado, não podemos esquecer que o tratamento precoce e adequado da diabetes é igualmente essencial – senão mais importante, para evitar males maiores. É, pois, fundamental que as pessoas com diabetes trabalhem em estreita colaboração com seus profissionais de saúde para desenvolver um plano de tratamento personalizado e atempado, que atenda às suas necessidades específicas. Não é demais salientar que o tratamento precoce e eficaz da diabetes é crucial para prevenir as graves complicações da doença a longo prazo e, claro, melhorar a qualidade de vida.
1 Estatísticas da Saúde 2023, do Instituto Nacional de Estatística. (https://www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=605740757&att_display=n&att_download=y)