Faleceu domingo, 23, em Lisboa, aos 95 anos, O Engº. Carlos Montez Melancia, fundador da Ammaia, do Golfe de Marvão, do Hotel Garcia d’Orta em Castelo de Vide e administrador da corticeira Robinson Bros.

O corpo está em câmara ardente a partir das 17h de hoje na Igreja de S. João de Deus, em Lisboa.

Carlos Melancia foi ministro da Indústria e Tecnologia em 1978, deputado pelo PS entre 1985-87, ministro do Equipamento Social e depois ministro do Mar em 1985, e de 1987 a 1991 foi Governador de Macau, funções em que ficou conhecido depois do escândalo do caso Emaudio, tendo sido ilibado da acusação de corrupção passiva em 2002.

Carlos Melancia nunca revelou nada sobre o caso, nem para se defender, mas confessou-nos que se um dia contasse alguma coisa, o que seria improvável, o nosso jornal seria a sua escolha.

Viveu e morreu a proteger os outros e nunca revelou o que podia prejudicar alguém.

Sendo de Alpiarça e em resultado da sua forte ligação à família Relvas, para a qual os seus pais trabalhavam e que lhe financiaram os estudos, tornou-se amigo íntimo de Mário Soares, pois o pai do fundador do PS, João Soares, era amigo íntimo de José Relvas, do Partido Republicano.

Apaixonado por Castelo de Vide, aqui se radicou depois do regresso de Macau, e empresário visionário avançou com diversos investimentos na região.

As suas qualidades pessoais, de grande humanismo, impediam-no muitas vezes de se impor como gestor. Confiava demasiado nas pessoas e, apesar do seu grande conhecimento, da sua visão e capacidade de investimento, os diversos projectos a que meteu ombros não vingaram, mas sem sombra de dúvida que a clarividência estava na sua génese.

A excepção foi a Fundação Cidade de Ammaia, que a Carlos Melancia se deve.

Morreu um homem singular, uma inteligência rara e alguém a quem o Alto Alentejo muito deve.

À família, AA apresenta as mais sentidas condolências.

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