Semana Santa do Crato celebra “Fé e Tradição de um Povo”

Recolhimento, beleza, tradição e convívio é o que garante a célebre Páscoa no Crato, com momentos de elevadíssima qualidade nas suas cerimónias e nas manifestações públicas de fé.

Procissão dos Passos (dia 10, domingo), Candeeiro das Trevas na noite de quarta-feira (13), Procissão do Senhor da Cana Verde na noite de Quinta-Feira Santa, Procissão do Enterro do Senhor na noite de Sexta-Feira Santa, Missa da Ressurreição no Domingo de Páscoa e grande concerto de Páscoa à tarde são os pontos altos das celebrações pascais com a “Fé e Tradição de um Povo”.

A Semana Santa do Crato foi apresentada em conferência de imprensa no Salão Nobre dos paços do Concelho, com a presença e participação do Prior do Crato, Mons. Paulo Dias, do vice-provedor da Misericórdia, António Manuel Ferreira, e do presidente da Câmara, Joaquim Diogo.

«Os católicos sentem sempre nestes actos a oportunidade de participar no reforço da fé», mas também «outros aproveitam a quadra para fazer passeio e conhecerem realidade diferentes», por isso a Páscoa no Crato é para todos, seja para os residentes, para as pessoas das outras terras em redor e para os turistas, refere o Pároco, que salienta a importante parceria com a Santa Casa da Misericórdia e com a Câmara para a realização da emblemática Semana Pascal no Crato, que se inicia com o Domingo de Ramos (dia 10) em que decorre a Procissão do Senhor dos Passos que «marca a tradição e fé no Crato», salienta o sacerdote.

Este ano, porque todo o Largo do Município se encontra em obra, o momento alto que é o do Encontro do Senhor com Sua Mãe e o tradicional sermão, terão lugar mesmo ao lado, frente ao Museu, num espaço de muito menor dimensão.

Realce para o facto de a imagem do Senhor dos Passos, doada pelo Prior do Crato, D. Miguel, ter sido restaurada e por isso surgir agora como seria originalmente.

O Pároco explicou toda a envolvência das cerimónias, como o lava-pés de Quinta-Feira Santa, porque «Deus veio para servir e não para ser servido», e este ano «o convite é aos profissionais de saúde, num gesto de agradecimento». Mons. Paulo Dias explicou ainda que na Sexta-feira decorre a adoração da cruz e a Procissão do Enterro, com a «espiritualidade, recolhimento e oração», sendo que no sábado a Vigília Pascal decorrerá no Carmelo, com a Irmãs carmelitas, celebrando-se a Missa da Ressurreição domingo na Matriz, terminando a agradecer a quantos se «disponibilizam a organizar com a Paróquia esta quadra pascal».

Grande participação da Misericórdia

O vice-provedor sublinha que é «com muito gosto que se reactiva a dinâmica da Semana Santa», que é «um trabalho feito há muitos anos» e que ao longo do tempo se vai «incrementando com coisas novas» de modo a «conferir grandiosidade às procissões», não esquecendo que «são os funcionários da Santa Casa que dão corpo a esta dinâmica e sem eles seria impossível» o brilhantismo – sendo certo que o “eles” são principalmente “elas” – que fazem tudo, «desde o preparar das opas à limpeza das igrejas no final», mas tudo isso « é um gosto para as pessoas, porque já os pais e os avós participavam» e «quando isto se perder será difícil manter a dinâmica», alerta o vice-provedor que lembra ainda « a importância da memória», assinalando o gosto «dos nossos idosos que têm essa memória» que têm gosto em «mostrar o que fizeram e que também nos dá gosto fazer».

Por tudo isto a Semana Santa do Crato é de «fé e espiritualidade e as pessoas marcam presença», apontando momentos tão marcantes como «o apagar da luz e o bater do caixão na Sexta-Feira».

António Manuel Ferreira lembra nomes tão importantes para o acender e viver destas tradições como o do «Pe. Francisco Belo e outras pessoas como o Senhor Alexandrino, pessoas que sempre trabalharam para a Semana Santa», pelo que não se pode «perder a memória de quem nos fez chegar aqui». «Hoje somos nós que ajudamos a perdurar a tradição no tempo» e a «melhor consolidar» a Semana Santa e «ajudar as pessoas para além da espuma dos dias», declarou o vice-provedor que lembrou ainda o empenho e dedicação de tantos anos do provedor Mário Cruz que resignou.

«Venham porque estamos de braços abertos»

O presidente da Câmara assume de corpo inteiro a envolvência do Município na «Semana Santa do Crato, única e diferenciadora na sua tradição», onde se «conjuga a mística e envolvência espiritual e as pessoas sentem-se mais envolvidas» e «até os turistas são tocados».

Segundo Joaquim Diogo, um dos objectivos do Município é «criar uma rede para que os que nos visitam possam conhecer o Crato de uma forma diferente», com uma «oferta para este tempo» e que vá desde «a gastronomia, à natureza e à história», pelo que há uma «série de iniciativas como concertos, exposições», etc., e a «criação de momentos em cada evento que possam elevar ainda mais o sentimento».

Este ano vai haver uma memória que ajuda a retratar a tradição pascal com um trabalho de «recolha de vídeos e de fotografias para perpetuar aa imagens da memória no futuro», para além da provável transmissão on-line de algumas cerimónias de modo a levá-las «àqueles que estão longe ou que as não podem acompanhar fisicamente».

Joaquim Diogo apelou à «participação de todos» neste tempo de «pós-pandemia», a «todos os do Crato e do Distrito para que venham porque estamos de braços abertos» e «há espaço para todos, inclusive para levar os andores ou para outras acções que envolvam as pessoas e para que se sintam envolvidas».

O presidente da Câmara espera ainda a ajuda da hotelaria e da restauração do Município para «criar a resposta em termos de pratos tradicionais», terminando com uma palavra de «estímulo», acreditando que esta Semana Pascal será «o retomar de uma tradição com o saber fazer muito bem do Crato».

Fica ainda a informação de que este ano, por causa das obras, os itinerários das procissões sofrem mudanças com trajectos alternativos e que a Câmara disponibiliza transporte a todas as pessoas do concelho para participarem nas cerimónias da Semana Santa., num «sentido de comunhão».

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