Morreu Lauro António, cineasta e grande figura do cinema português que cresceu em Portalegre

Faleceu hoje repentinamente em sua casa em Lisboa, o cineasta Lauro António, intimamente ligado a Portalegre, onde viveu entre os 7 e os 14 anos na Rua de Elvas, quando seu pai, o professor e pintor Lauro Corado aqui leccionou.

Lauro António começou a escrever sobre cinema nos jornais “A Rabeca” e “Distrito de Portalegre”.

Licenciado em História, a sua vida é dedicada ao cinema, sendo o seu filho Frederico Corado também cineasta.

Com uma carreira longa e de elevado mérito, foi agraciado em 2018 com a Comenda do Infante D. Henrique. Para além da sua notável obra cinematrográfica destaca-se a invulgar e incondicional dedicação e defesa do cinema português.

Foi presença em centenas de Festivais e Semanas de Cinema Português e recebeu diversos prémios, nacionais e internacionais, tendo tido os seus filmes vendidos para circuitos comerciais e televisões de dezenas de países – Europa, EUA, Ásia, África e América Latina, sendo “Manhã Submersa” um filme de referência tanto nacional como internacionalmente.

Como crítico e ensaísta de cinema tem mais de cinco dezenas de obras publicadas.

Director de diversas publicações de cinema e vídeo, exerceu  regularmente a crítica cinematográfica em numerosas publicações, destacando-se a sua colaboração no “Diário de Lisboa”, “Diário de Notícias”, n’ “A Capital”, “Diário Popular”, “O Comércio do Porto”, etc., sendo ainda autor de diversos programas de cinema na rádio como na RDP, Rádio Comercial, Rádio Clube Português, Rádio Geste, Antena 2, entre outros, tendo sido ainda membro de Júri de diversos Festivais de Cinema em Portugal e no estrangeiro.

Na sua muito profícua actividade foi ainda autor e encenador de teatro, para além de coordenador do grupo “Cinema e Audiovisual”, do Ministério da Educação com o ministro Roberto Carneiro.

Lauro António estava aposentado como professor adjunto no Curso de Tecnologias de Comunicação Audiovisual do Instituto Politécnico do Porto, e foi igualmente professor de cinema e audiovisual no IADE, ISCEM, Universidade Nova, Cine Fórum do Funchal, Universidade Moderna, etc.

De entre tantas outras, uma das mais conhecidas longas-metragens que realizou foi “O Vestido Cor de Fogo” (1985) baseado numa obra de José Régio que tinha sido seu professor no Liceu de Portalegre.

Ainda em Portalegre esteve ligado ao Festival Internacional de Cinema no final dos anos 90.

Conseguindo realizar o sonho de muita gente que escreve sobre cinema mas nunca teve coragem de o fazer, Lauro António passou à realização, no final da década de 70. As duas curtas-metragens “Prefácio a Vergílio Ferreira” e “Vamos ao Nimas” foram mesmo o balão de ensaio para a obra maior de Lauro António, “Manhã Submersa”.

De entre outras obras, Lauro António fez uma série de quatro “Histórias de Mulheres”, para a RTP.

Em Maio de 2021 inaugurou em Setúbal a Casa das Imagens, projecto que resulta de uma doação que Lauro António fez à Câmara Municipal de Setúbal de cerca de 50 mil livros e outros suportes sobre cinema.

Uma das últimas vindas de Lauro António a Portalegre foi em Janeiro de 2017, na sessão de apresentação do “Literatura e Cinema: Vergílio Ferreira e o Espaço do Indizível”, da autoria do professor Luís Miguel Cardoso.

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