Gripe custa anualmente 3,9 milhões de euros ao Estado em hospitalizações directas, conclui estudo

Jornal Sol

O FLU SUMMIT Portugal revelou esta quinta-feira, dia 25, as principais conclusões do estudo BARI – Burden of Acute Respiratory Infections – que analisou o impacto das hospitalizações directamente atribuíveis à gripe em Portugal, na perspectiva do sistema público de saúde, ao longo de 10 épocas gripais (2008/09-2017/18).

O estudo BARI revela que o Serviço Nacional de Saúde tem encargos médios anuais de 3,9 milhões de euros directamente atribuíveis às hospitalizações por gripe, dos quais 47% gerados pela população com idade igual ou superior a 65 anos. Esta faixa etária é também a mais afectada pela gripe, com uma taxa média de hospitalização por gripe (ou infecção pelo vírus influenza) por 100 mil habitantes de 26,5 – em comparação com 7,8 nas pessoas abaixo dos 65 anos – e uma taxa de mortalidade hospitalar por gripe de 9,5% – por oposição a 3,1% nas pessoas com menos de 65 anos – a qual se agrava para 9,9% nas pessoas que têm comorbilidades como doenças cardiovasculares ou doenças respiratórias. Ao longo dos 10 anos, a maior taxa de hospitalização foi observada em 2017/18, época dominada pelo vírus influenza B / Yamagata.

Carlos Robalo Cordeiro, pneumologista, Professor e director da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e vice-presidente da European Respiratory Society (ERS), refere que «apesar do aumento da cobertura vacinal, ainda existe uma sobrecarga significativa de gripe na faixa etária a partir dos 65 anos, que regista mais hospitalizações e de maior duração. A taxa de mortalidade também é superior às restantes faixas etárias, estando aumentada quando se conjugam comorbilidades crónicas, como doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes ou insuficiência renal. É muito importante continuar a reforçar a cobertura vacinal, nomeadamente nas pessoas a partir dos 65 anos, particularmente depois da presente época demonstrar um registo de gripe quase residual, devido às medidas de isolamento, levando a uma possível baixa de imunidade da população na próxima época gripal de 2021/22».

Carlos Rabaçal, Cardiologista e membro da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, que também faz parte deste estudo, destaca que «estudos internacionais revelam que o risco de ter um Enfarte Agudo do Miocárdio é 10 vezes superior nos dias seguintes à infecção por influenza e que o risco de ter um AVC é oito vezes superior nos dias a seguir a esta infecção, mesmo em pessoas saudáveis. Poder analisar este estudo realizado em Portugal e verificar que os picos de gripe e hospitalização por gripe coincidem com os picos de hospitalização por Enfarte Agudo do Miocárdio reforça a importância de olharmos para a gripe enquanto infecção respiratória potencialmente grave, e cujo impacto pode afectar, para além dos pulmões, também o coração e o cérebro»

Por seu turno, a directora geral da Sanofi Pasteur, Helena Freitas, salienta que «esta segunda edição do FLU SUMMIT Portugal reforça o compromisso da Sanofi Pasteur para com a consciencialização de todos face à gripe, enquanto infecção respiratória potencialmente grave que é, e o estudo do seu impacto em Portugal, sendo mais um passo no esforço conjunto com as autoridades de saúde e sociedade civil, para alertar para uma realidade muitas vezes desconhecida. É nossa missão contribuir para alcançar um mundo em que ninguém sofra ou morra de uma doença evitável através da vacinação ou imunização. É reconhecido mundialmente que a vacinação é o principal meio para a prevenção primária de doenças e uma das medidas de saúde pública mais custo-efectiva. Sabendo o impacto da gripe na pressão e nos gastos do SNS, e tendo em conta a pandemia que ainda estamos a viver, a vacinação contra a gripe e outras doenças infecciosas é mais importante do que nunca para aliviar o sistema de saúde»

Além da apresentação das principais conclusões do estudo BARI– pelos especialistas Carlos Robalo Cordeiro e Carlos Rabaçal, o FLU SUMMIT Portugal, evento organizado pelo Expresso em parceria com a Sanofi Pasteur, conta com a presença de Ana Sepúlveda, socióloga e empresária, Managing Partner da 40+ Lab e presidente da Associação Age Friendly Portugal. No final, decorre o debate “Os Pais, os Avós e a Gripe”, com a participação de todos os oradores e moderação da jornalista Patrícia Carvalho.

Principais conclusões do estudo:

·        Estudo BARI analisou 10 épocas gripais, nas quais foram identificadas um total de 13.629 hospitalizações, 52% das quais em doentes com idade igual ou superior a 65 anos.

·        A taxa média de hospitalização por 100.000 habitantes com idade ≥65 anos foi de 26,5 (vs. 7,8 nas pessoas com <65 anos), e foi particularmente elevada em 2016/17 (58,9) e 2017/18 (80,7).

·        A taxa de mortalidade hospitalar média foi de 9,5% em doentes com idade ≥65 anos (vs. 3,1% em doentes com <65 anos). O tempo médio de permanência (LOS) foi de 12,0 dias em doentes com idade ≥65 (vs. 9,6 naqueles com idade <65).

·        No que toca aos encargos económicos para o SNS, o custo médio anual de hospitalizações directamente atribuíveis à gripe foi de 3,9 milhões de euros, dos quais 47% gerados pela população com idade ≥65 anos.

·        O custo médio anual por doente de hospitalizações directamente atribuíveis à gripe ao longo das 10 épocas gripais epidémicas ficou em 3.302 euros, e aumentou tanto com a idade quanto com as comorbilidades (3.485 euros em doentes com idade <65 anos com comorbilidades vs. 2.164 euros nos doentes sem comorbilidades e 4.714 euros em doentes com 65 ou mais anos com comorbilidades vs. 2.024 euros nos doentes sem comorbilidades).

·        Ao longo de 10 anos, a maior taxa de hospitalização foi observada em 2017/18, época dominada pelo vírus influenza B / Yamagata e que também registou o maior custo com internamentos: 8,6 milhões de euros, dos quais 65% da população com idade ≥65 anos.

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