Estudos para a empreitada da Barragem do Pisão foram adjudicados

A Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) assinou o contrato para a “Avaliação da sustentabilidade e desenvolvimento integrado dos recursos hídricos e energéticos do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato” que antecede a empreitada de construção daquela que ficou conhecida como “Barragem do Pisão”.

Esta avaliação compreende etapas necessárias para o projecto final, como sejam Estudos Socioeconómicos, de Infraestruturas, de Regularização de Caudais, de Aproveitamento Fotovoltaico (Centrais) e de Impacte Ambiental. Os trabalhos permitirão reunir a informação necessária para o lançamento dos concursos de empreitadas, quer para a construção da barragem, quer para o desenvolvimento de diversas áreas conexas de grande importância, como por exemplo a construção de uma central de painéis fotovoltaicos flutuantes.

A central contribuirá para a descarbonização da produção de energia para a região do Alto Alentejo e «fará desta obra um empreendimento com tecnologia de ponta de que não há muitos outros exemplos no país», refere Joaquim Diogo, presidente da Câmara do Crato, no momento da assinatura do contrato, que decorreu esta terça-feira, dia 6 de Abril, nos Paços do Concelho do Município cratense.

A Barragem do Pisão é um empreendimento com uma «multiplicidade de soluções energéticas com fortes preocupações de sustentabilidade ambiental que trará ao Alto Alentejo, mas não só, também ao país, um salto considerável, já que prevê que mais de 70% do consumo das necessidades elétricas do Distrito de Portalegre sejam satisfeitas por via da central fotovoltaica», acrescentou o autarca, o que vai contribuir para a gradual substituição dos sistemas de produção convencionais a carvão e outras fontes energéticas baseadas nos hidrocarbonetos.

«É o projecto mais importante dos últimos 60 anos para a região», disse a abrir a sessão para a assinatura do contrato o presidente da CIMAA, Hugo Hilário, que sublinhou «a importância de uma estreita colaboração da CIMAA, a adjudicatária – que encabeça o processo nesta fase com profundo compromisso de todos os municípios envolvidos, suportando 15% do financiamento do contrato em partes iguais», – e o consórcio composto pela AQUALOGUS – Engenharia e Ambiente Lda e a TPF – Consultores de Engenharia e Arquitetura, S.A. que ganhou o concurso público para esta fase. Os restantes 85% são cofinanciados, sendo que o valor total do contrato ascende a 950 mil euros.

De acordo com a informação da CIMAA, os resultados do trabalho desenvolvido por este consórcio permitirão «garantir que todo o projecto do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato seja um investimento o mais abrangente possível, chegando a uma maior área territorial, para que o seu potencial seja maximizado – e que dele beneficiem directa e indirectamente, de forma sustentada, mais populações e beneficiários, quer ao nível da agricultura e do regadio, quer ao nível socioeconómico, já que virá a impactar muitas outras actividades económicas para além do sector primário, sempre com uma perspectiva de sustentabilidade ambiental».

A Barragem do Pisão terá, desde logo, um «enorme impacto na criação de reservas estratégicas de águas e no reforço e garantia do abastecimento público às populações, dando resposta aos constrangimentos e às fragilidades que têm as actuais origens de abastecimento».

O Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato

A Barragem do Pisão, como também é conhecido, é uma obra com um âmbito geográfico que inclui todo o território Alto Alentejo, nomeadamente os concelhos de Alter do Chão, Avis, Arronches, Castelo de Vide, Crato, Campo Maior, Elvas, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel.

A construção da barragem resultará numa capacidade de armazenamento de 114M m3 de água, considerada fundamental num quadro de alterações climáticas.

São também muito importantes os valores de redução das emissões carbónicas que se prevê obter com este empreendimento, superiores a 150.000 Ton de CO2 por ano, sendo que em Portugal a produção anual total atinge os 70,8 Mton anuais.

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