COVID-19: 30 utentes já tiveram alta clínica do surto que atingiu a Misericórdia de Gáfete

Após o surto de Covid-19 detectado no lar da Santa Casa da Misericórdia de Gáfete, que vitimou três pessoas, infectou mais de 30 idosos, a quase totalidade de utentes desta valência, e cerca de uma dezena de funcionários da instituição, incluindo o provedor, é com grande esperança que o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, confirmou ao nosso jornal que «a situação está a entrar numa fase de descompressão».

De acordo com o autarca, 30 utentes já tiveram alta clínica, havendo uma pessoa que se mantém internada no Hospital de Portalegre, não por complicações associadas á Covid-19, mas porque aguarda que o resultado do teste seja negativo para poder ser operado.
«Ainda ainda cerca de cinco utentes que ainda se encontram em isolamento, bem como alguns dos funcionários, porque estão a aguardar nova testagem, uma vez que só após um resultado negativo poderão voltar à normalidade, e no casos dos funcionários, à sua actividade», esclareceu, lamentando as três ocorridas devido a este surto, duas das quais de pessoas residentes no concelho, e uma não residente.

Embora reconheça que a partir do momento em que ocorrem três mortes devido a esta pandemia «o balanço nunca poderá ser positivo», mas é com grande expectativa que o edil cratense aguarda que dentro de poucos dias a situação esteja normalizada, fazendo questão de destacar a importância que teve nesta luta contra um inimigo invisível a agregação e cooperação entre várias entidades, e a dedicação e espírito de missão com que os colaboradores da instituição assumiram os cuidados aos utentes como uma prioridade, num cenário adverso e que é gerador de muitos medos.
«Neste período em que tivemos este surto e esta pressão, houve uma agregação muito significativa de esforços, quer da Segurança Social, quer da Saúde, quer da própria Mesa Administrativa, na pessoa do vice-provedor, que teve que assumir o leme – uma vez que também o provedor ficou infectado, dos serviços de Protecção Civil Municipal, que foi extraordinária», sublinha Joaquim Diogo, ressalvando ainda «a sorte que tivemos em ter algumas pessoas que apareceram no momento certo, como é o da enfermeira Deolinda Pinto», e a forma como «aprendemos todos muito uns com os outros».

O presidente da Câmara do Crato faz questão de deixar um testemunho «da força e da capacidade que os trabalhadores da instituição tiveram para se manter unidos e a lutar de uma forma inspiradora e exemplar», afirmando mesmo que «o trabalho que fizeram foi heroico, com pessoas a trabalhar mais de 15 dias seguidos, 12 horas por dia. E não porque uma questão de obrigatoriedade, porque, por exemplo, ao oitavo dia começou a haver condições para que as pessoas pudessem ir descansar, mas por uma escolha própria, e o querer continuar ao lado da instituição e dos utentes, apesar das condições difíceis em que trabalharam», relata, manifestando-se verdadeiramente orgulhoso por tudo o que foi feito e pela humanidade demonstrada por esta equipa.

Joaquim Diogo refere que por parte da autarquia foi feito um esforço para se manter sempre ao lado da instituição, apoiando em tudo o que fosse possível, desde o fornecimento de equipamentos de protecção individual, à higienização dos passos, ao transporte das pessoas, e enquanto presidente de Câmara «quis sempre dar o meu apoio moral, que espero que tenha ajudado, porque foi a forma que encontrei para que sentissem que estávamos com eles, e que reconhecemos o esforço, a perseverança, e tudo o que foi feito para responder a esta crise, e por nunca desistirem», sublinha, assumindo que «não ganhámos a guerra, que sabíamos desde o primeiro momento que era inglória, mas lutámos com união, esforço, rigor, perseverança, e uma cooperação que foi um suporte muito importante para conseguirmos ultrapassar este momento».

104 anos e venceu a Covid-19

Em situações de crise há sempre histórias que nos dão esperança. Angélica Batista é um exemplo de que, mesmo quando a situação parece muito complicada, há que continuar a lutar e acreditar que é possível.
Angélica Batista foi uma utente que foi infectada no surto da Santa Casa da Misericórdia de Gáfete, completou os seus grandiosos 104 anos no dia 19 de Dezembro, enquanto ainda recuperava, e conseguiu vencer a batalha, encontrando-se já recuperada.

Esta fase menos boa será apenas mais uma história para ele contar aos filhos, netos, bisnetos e trinetos.

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