Na Diocese de Portalegre – Castelo Branco haverá seis casos de denúncia de alegados abusos de menores.

O relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças, coordenada por Pedro Strecht, e que foi entregue aos Bispos na sexta-feira em Fátima contém 485 páginas repletas de estudos e análises, bem como de relatos de situações denunciadas.

Aos Bispos foi fornecido o nome dos sacerdotes e de outras pessoas denunciadas.

No caso da Diocese de Portalegre – Castelo Branco terão sido apresentados dois nomes de sacerdotes e a Diocese teria já na sua posse um outro nome de um leigo.

De acordo com as informações não confirmadas de que dispomos, os casos denunciados reportam-se a situações alegadamente ocorridas em Portalegre e em Castelo Branco, sendo que os dois sacerdotes são já falecidos.

Compete agora ao Bispo Diocesano, D. Antonino Dias, seguir as normas definidas e tomar as medidas que considere adequadas, bem como à Comissão de Protecção de Menores e de Adultos Vulneráveis avançar com as análises e investigações para encaminhar os casos que entenda para o Ministério Público e para Roma, sendo que para tal há que obter os testemunhos e identificação das alegadas vítimas/ denunciantes, bem como a identificação dos acusados, sendo que haverá pelo menos um caso duvidoso pela semelhança de nomes que poderá originar ou ter originado confusões.

Esclarecimento do Bispo

Sobre este assunto pedimos ao Bispo Diocesano que nos confirmasse, desmentisse ou esclarecesse melhor as informações de que dispomos.

D. Antonino Dias respondeu-nos com um comunicado que nos dirigiu e que depois publicou, onde explicita que «de acordo com os dados constantes no Relatório Final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, apresentado no passado dia 13 de Fevereiro, foram recebidas, pela Comissão Independente, denúncias relativas a cinco alegados casos de abuso sexual ocorridos no território da Diocese de Portalegre-Castelo Branco e referentes a membros do clero.

Na visita do Grupo de Investigação aos nossos Arquivos Diocesanos, em 29 de Dezembro de 2022, viemos a saber que os alegados abusos, praticados por membros do clero, terão ocorrido entre 1958 e 1981 em situações e circunstâncias diferentes. Em três dos casos não era referido o nome dos abusadores. Nos outros dois casos, sim.

Na lista que, posteriormente, em 3 de Março corrente, foi entregue pelo Presidente da Comissão Independente, em Fátima, constam esses dois nomes de abusadores. Aqueles mesmos de que já fora informado aquando da consulta aos arquivos, em 29 de Dezembro de 2022. Os dois já faleceram. Um, na década de 60, outro na década de 80, e não em 2008, como há dias, por lapso, informei a SIC.

Se a identidade de alguma alegada vítima vier a ser conhecida, agiremos em conformidade.

A Diocese tudo fará para que os abusos de menores e pessoas vulneráveis nunca venham a ter lugar, adotando a tolerância zero.

Recentemente, tivemos conhecimento de um alegado abuso por parte de um leigo, numa instituição da Igreja diocesana, estando em curso os respetivos procedimentos».

Distritos / Dioceses

De acordo com o relatório da Comissão, «o distrito de Lisboa concentra o maior número de casos (120). Seguem-se os distritos do Porto (64 casos) e de Braga (55 casos). O quarto distrito com mais situações é Santarém (26 casos), seguido de Aveiro (24 casos), Leiria (21 casos), Coimbra (19 casos) e Setúbal (18 casos).

Ainda com mais de 10 casos encontramos Viana do Castelo (15 casos), Viseu e a Região Autónoma da Madeira (14 casos), Bragança (13 casos), Évora e Guarda (12 casos) e Castelo Branco (11 casos).

Foram relatados 9 casos ocorridos no distrito de Vila Real e 8 na Região Autónoma dos Açores. Os distritos de Beja (5 casos), Portalegre e Faro (2 casos cada) completam a lista».

Estes são os números apresentados pela Comissão, com distribuição por Distrito, mas acontece que as fronteiras das Dioceses são diferentes, e no caso da Diocese de Portalegre – Castelo Branco, esta abrange uma parte de cada um de três distritos: Portalegre, Castelo Branco e Santarém.

No distrito de Portalegre a Diocese abarca a parte norte do distrito, ou seja os concelhos de Nisa, Gavião, Castelo de Vide, Marvão, Portalegre, Crato Alter e Arronches, bem como parte do de Ponte de Sor (menos Montargil e Galveias) e ainda Degolados no Concelho de Campo Maior, e Cabeço de Vide no concelho de Fronteira (o resto do Distrito de Portalegre – concelhos de Monforte, Campo Maior, Elvas, Sousel e Avis – pertence à Arquidiocese de Évora).

No Distrito de Castelo Branco a Diocese abrange os concelhos de Proença-a-Nova, Vila de Rei, Oleiros, Sertã, Castelo Branco, Vila Velha de Rodão e Idanha-a-Nova (haverá dois casos no Fundão e dois na Covilhã, mas estes concelhos pertencem à Diocese da Guarda)

Já no Distrito de Santarém a nossa Diocese abarca os concelhos de Abrantes, Mação, Sardoal e Constância.